sábado, 4 de dezembro de 2010

A menina do muro vizinho

Ficava lá na espreita por uma boa conversa - Olá como vai? Qual é seu nome? – era assim quase todos os dias, após uma tarde recheada de brincadeiras, num mundo que era só dela.

Às vezes sonhava em ser bailarina... Mas acabou se rodopiando ao som de bandolins diante de seu espelho de moldura cor-de-rosa. Perdia-se nas horas tentando entender o sono das flores... Inebriava-se com as fragrâncias das orquídeas e fazia do quintal seu reino encantado.

No entanto o que mais adorava fazer era sonhar além daquele muro... Grande diversidade de universos ela encontrava... Nada lhe passava despercebido, gestos, olhares, sorrisos, atitudes, sentimentos... O muro fora levantado e a infância ficara lá adormecida em algum lugar plantada próxima as dorme-dorme...

Algo sempre fica adormecido, é engraçado o jeito que o destino rege o concerto da vida, entradas, fermatas, violinos, acordeons, notas em mi maior... Sol... Só... A menina cresceu e pôde subir mais uma vez ao muro, e pôde ver que encontrara novamente seu lugar no mundo... O mundo.

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