domingo, 14 de março de 2010

Loiras Geladas

"Na Madrugada
Na mesa do bar
Loiras Geladas
Vem me consolar...
Passei por cada papel
E rastejei
Passei por cada papel
Me embriaguei
E acordei num bordel..."

Rodeada de livros de direito, política internacional e economia (até aparece petulante dizer, mas a neguinha aqui está assim), há que se fazer sempre uma pausa e dar-se ao luxo, como mamãe sempre diz, e ler alguma bobagem do mundo afora. E quando estou cansada de ler romances, recorro a internet e as fofocas de vidas alheias e distantes. Espairecer é o verbo! Voltando outro dia da aula, fiquei sabendo que a tão esperada propaganda da nova cerveja “Devassa” tinha sido proibida de ser veiculada na televisão, entre os motivos o de cenas impróprias que levariam ao consumo de bebidas alcoólicas em excesso.

Sendo sincera, só me atentei a notícia porque era uma pessoa que idolatro nos meus momentos fúteis, que estava no meio de toda polêmica: Paris Hilton! Poucos amigos sabem das minhas brincadeiras em família que se meu irmão ficasse rico como engenheiro, ou se até mesmo ganhássemos na loteria eu me inspiraria e curtiria a vida adoidado, como Paris!

Brincadeiras à parte, aos negócios. Movida por uma crise de amadurecimento urgente de pensamento de entender um pouquinho mais desse universo da economia, digo pouquinho pois não passa ainda de uma semente, just needs time to grow. Li várias reportagens na internet para entender o porquê ter sido proibida, porque vindo de Paris pode se esperar tudo, vi, até mesmo, a tal propaganda no youtube. E para minha surpresa, não havia nada demais! Os poucos que me conhecem sabem, não sou freira, mas não acredito que toda brasileira seja bunda!

Todavia, é preciso pensar um pouco em qual imagem passada para o resto do mundo que não seja: Brasil, o país do Carnaval. Se Paris veio para cá, curtiu o carnaval como qualquer outra brasileira, desfilando no sambódromo, se intitulou em pleno carnaval a cara daquela cerveja, quem se incomodou com isto? Não garanto que tenha sido os consumidores de cerveja, nem tampouco mulheres invejosas da patricinha. Há até uma apresentação da Secretaria Especial Para Mulheres de que tal propaganda poderia estereotipar a mulher brasileira. Ora, então deve-se vetar muitas coisas na televisão se for esse mesmo o motivo que há por trás de toda essa história.

Estou eu aqui escrevendo numa tentativa de fugir da televisão, na qual não há alternativas se não se tem uma por assinatura, que não seja ver Joelma no Faustão ou a Mulher-Jaca com Ana Hickman, semi-nua (estava com tapa sexo, mas eu sou míope não enxerguei, se alguém tenha enxergado me avise) toda pintada com jacas pelo corpo, com uma pergunta no rodapé: “Será que vira moda?”. Volto a me questionar o que será que tinha “demais” na propaganda, poderia ser o vestido preto básico de dar inveja à nossa estudante Geyse?

Observando pormenores os institutos da economia, me aventurando tentando entender funções de 1º grau e planos cartesianos novamente, talvez eu possa dar uma sugestão, um pouco petulante, ou pedante dizendo que não há nada demais naquela propaganda, ou talvez há sim, mas para a grande briga de conquista de espaços dentro de um mercado como é da cerveja no nosso país.

Como bem sabemos, a Devassa trata-se de uma marca de uma empresa concorrente de muitas outras, e sabemos que há sim uma grande nuvem de monopólio sobre esse mercado. Poderia arriscar que dentro deste monopólio, o poder de mercado estará dependente do número de concorrentes, o tamanho da firma (em tempo e espaço), a importância do bem para o consumidor, e da exclusividade ou não de seu fornecimento. 

Há que se falar que o preço do bem será definido pela demanda, ou seja pela procura por aquele determinado produto. Sabendo que um dos elementos para formação do preço sob um monopólio são as campanhas publicitárias, além de acordos, formação de cartel, entre outros. Mas a verdade é que as empresas procuram aumentar a fatia do mercado pela publicidade. E nem mesmo me referi aos preços das cervejas existentes, mas levando em conta que a nova cerveja Devassa seja mais barata, ou de preço equivalente, se o consumidor aceita e procura o produto diferenciado (a cerveja da devassa Paris) acaba a tentativa de monopólio, ou até mesmo de um Oligopólio.

É lógico que uma mulher com um nome como o de Paris Hilton (podendo ter ela o caráter que for, seja maluca, queira ela ser reconhecida como devassa), atuando numa propaganda da cerveja faria a mesma ficar conhecida, e por que não experimentar a loira? Não faço apologias ao excesso de consumo de álcool, não nego meu gosto por um chop com amigos. Mas fica uma pergunta que não quer calar: Por que num país, como o do Brasil, onde se permite tantas libertinagens consideradas como modas em plena tarde de domingo, vedam uma propaganda que incomodariam no mercado outras empresas do ramo só com a desculpa de que a veiculação de tal propaganda provocaria o consumo em excesso de bebidas alcoólicas?
É realmente muito necessário que sejam revistos muitos conceitos, dentre eles da imagem de nosso país, não nos esquecendo de toda uma política econômica agindo diante de nossos olhos.

No mais eu prefiro uma Bohemia, e sempre adorei as propagandas “desde 1853”, lembro-me de uma que marcou, a que se refere a uma poesia de Castro Alves, “Navio Negreiro”, que por um acaso do destino (provocado) nasceu nesta data, “Dia da Poesia”. Fico por aqui. Bebam com moderação, e se forem dirigir não bebam! Tim Tim!

3 comentários:

Unknown disse...

Adorei o texto, conseguiste externar o que querias, né? Bom mesmo, boa crítica. Lux et Pax!

Antonio Armando disse...

Em nosso País trava-se uma guerra publicitária entre alguns produtos, a cerveja é o principal. Seu texto reflete muito bem a utilização de argumentações pretensamente racionais-tutelares da sociedade (contra o alcoolismo) como subterfúgio para uma permissibilidade de um jogo jurídico sujo promovido por uma guerra de descarte de propagandas, quando na realidade é a fatia do mercado que se quer assumir.
Quanto ao monopólio: quero experimentar a Devassa? rs....
Parabéns pelo texto, está crítico, irônico e argumentativo.

Camilla K. Boyle disse...

Gostei do seu texto, Nay... infelizmente ha esse esteriotipo da mulher brasileira e da sua bunda.

Confesso que desconhecia sua misteriosa admiracao por Paris.

Beijinhos e bom final de semana

Ps: A que filme se referia? Super Size Me ou Into The Wild (na referencia ao Supertramp)