quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Eu conheço essa batida.

"Meu amor, meu bem me leve
De ultraleve
De avião, de caminhão
De zepelim..."

Saiu do trabalho. E já havia parado de chover, mas a rua continuava molhada. Ela ergueu as barras da calça, que estavam ainda por fazer. E olhando para o chão, como era de costume, viu pétalas espalhadas, de que momentos antes era uma rosa. Pensou que poderia ter sido ele passando por ali, que tentando forçar uma coincidência provocada, para agradá-la (ela gostava de provocar tais coincidências), fora ali contempla-lá ao final da tarde, mas como ela se atrasou, deixara as pétalas caídas para que pudessem colorir o seu dia, que tinha sido um pouco cinzento, de uma natureza morta, de uma selvageria cimentada... Aquele não era o lugar onde ela amou um dia.

Bem-me-quer, Mal-me-quer, Bem-me-quer... Bem-me-quer, Mal-me-quer, Bem-me-quer...

E ela se repetia: - O meu amor tem esse jeito assim: singular e só meu. Para os corações como o dela, o amor durava demasiadamente pouco tempo, mas de tamanha intensidade, não sendo possível mensurar.

5 comentários:

Carol Mioni disse...

Seria tãobom se eles deixassem pétalas em todos os nossos dias....

Razek Seravhat disse...

Muito sutil, mas vale mesmo a pena acreditar em algo tão abstrato?

nay disse...

depende de quem lê, e o momento em que se lê Razek..

Germano Viana Xavier disse...

Essa batida
contida
num suspiro.
Essa batida
ruída
num amparo.
Essa batida
caída
num progresso.
Essa batida
de amor,
de vida.

Eu acredito em utopias, Flor.
Continuemos...

Doroni disse...

Morenay,
estive viajando
voltei com saudades de todos.
Belo texto
Ah... como é fácil se iludir!
bjs