segunda-feira, 6 de abril de 2009

Rompendo o silêncio de dias...



"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."


Cheguei da biblioteca e fiz o de costume. A água para ferver e as flores de camomila na xícara, outro tranquilo final de tarde. O dia resolveu chorar e se pintar de cinza. Subi para o quarto liguei o computador, a porta para o descanso, nada de leis, nada de concurso... apenas me dou a liberdade de apreciar as poesias, contos, o conhecer novas vertentes, sentir-em coração de outrem...

E comecei a escrever sobre um domingo na praça, mas devido as circunstâncias da vida, eu resolvi com todas as minhas forças me libertar desses pensamentos de que "o que seria da minha vida se ele estivesse aqui"... e eu já falei tudo o que tinha para dizer, chorei o que tinha para chorar, esbravejei maldades, mas nada voltará no tempo e será como antes... á começar eu não ou mais a mesma pessoa quando o conheci... eu nunca escrevi sobre a "nossa verdadeira história" aqui no meu canto particular... Talvez fosse o medo dele ler sobre o que eu sentia e entender tudo errado... realmente apostar todas as suas fichas num amor e tudo desabar no dia seguinte é desesperador... Mas tal domingo e a história toda agora está enterrada... foi queimada e agora enterrada!

Ao tempo que desisti de falar sobre o que me entristecia... Não pôde um convite passar despercebido... E de repente me deparo com Borges... um dos preferidos do meu pai... foi impossível não lembrar de uma de nossas conversas... e mais uma vez o tempo parou e eu fiquei em silêncio tentando ouvir a voz dele dentro de mim... E como se não bastasse, tinha ainda a saudade de dividir com ele boas palavras... A "leitura Germaneana sobre a leitura Borgeana" muito me emocionou...

A primeira lembrança que tive foi de um dia estar com sono, mas numa luta para não dormir... e uma melodia que meu pai insistia em cantarolar... "Ioiô..." e por incrível que pareça, foi a única que não aprendi a cantar com ele... a minha música de ninar... De volta a leitura, chorei ao ler a poesia, que o Germano colocou ao final do seu texto... "a molhada tarde me traz a voz desejada de meu pai que volta e não morreu...

E a pesquisa se deu com êxito, achei a melodia que trazia meu sono..."Linda Flor"... um samba canção de 1929...

De forma infantil, desesperada em saciar a minha saudade... me consolei ao ler e repetir para mim mesma... "de que não estamos mortos depois da morte"... Estava chovendo, já havia terminar de ler... cerrei meus olhos e deixei-me levar na voz de João Gilberto e sua filha...

Eu demorei a escrever este fato aqui hoje, talvez tenha sido o destino... porque dias depois sonhei com ele... e ele me dizia... "-Filha, eu estou vivo!"... E acabei fraquejando durante esses dias... Eu tinha tantas coisas a escrever... esse post de hoje deveria sim ser sobre uma boa saudade e não só uma confissão, pois só tive vontade de dormir... e mais nada... eu parei tudo nesses dias... para o nada e para o medo.

Mas estou voltando aos poucos... desculpem-me pela ausência...

6 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Não precisa dizer mais nada, Flor. Eu imagino como deve ser difícil viver sem a presença do nosso pai. Eu senti tudo, do início ao fim. Agradeço o carinhos das ligações com o texto que escrevi. O sentimento verdadeiro que existe por detrás do seu texto é mais forte e amplo que tudo.

Continuemos, sempre.
Um carinho.

Anônimo disse...

Cada um sabe do tempo que precisa para elaborar suas perdas, principalmente quando é de pessoas tão importantes!

Escutarei a sua música de ninar!

E quando voltar de vez, estaremos aqui de braços abertos!

Xerus
=***

candy disse...

Toda vez que eu vc fala do seu pai eu me emociono, encho os olhos de lágrimas e choro.
Minha imaginação e sensibilidade não conseguem nem chegar perto da sua dor, da sua saudade, da falta que ele deve fazer.
A saudade vai sempre existir (e ainda bem que existe!) e é por isso que ele permanece tão vivo. E sim! ele está vivo sim, você sabe do que to falando.

beijão bemmm grande e um mega abraço de urso!

nd disse...

OLÁ,

PASSANDO PARA TE DESEJAR UMA FELIZ PÁSCOA.

BJS

Germano Viana Xavier disse...

Passando e relembrando, Flor.

Bom finalzinho de sexta.

Um carinho.
Continuemos...

Anônimo disse...

Passando pra desejar uma Ótima Páscoa e dizer que sua música de ninar é linda!

Xerus
=***