sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O Triste fim da saia esvoaçante...


Às tardes de quinta -feira... o relógio aponta 16h15... é preciso correr a um tempo que lhe pertence... roupa fresca, sapato baixo para que não doa o pé...

Não há o toc-toc, pois não se tratam de tamancos pela rua...

A música no volume máximo, nada muito alegre, mas também nada muito triste... apenas ao ponto para poder inspirar o desabafo... o próprio eu que tanto se angustia por essas horas...

E segue assim, pela rua onde brincam as crianças... na praça, os idosos aproveitando o calor intenso... E assim escolhendo o trajeto certo para uma coincidência provocada... chega ao seu destino!

Antes da porta escura de vidro... é uma "persona" e através do vidro como quem através do espelho... ela chora... Ela pede socorro... Ela é mais Eu!

Lá ela pode gritar, acender um cigarro sem ser repreendida... pode até ser mesquinha e cobiçar o alheio... Pode sentir-se perdida, feliz, triste, irada...

Pode, quem sabe, amá-lo, mesmo que seja só por um instante... Pode esquecer as leis e se preparar para o "Grande Truque"!!! O do desaparecimento de uma menina triste, para uma quase mulher assim... como qualquer outra, sorrindo porque convém...

No entanto, há tempos ela anda cansada... cansada...

E daí a questão: Procurar a morte é sim um ato de covardia por não se ter coragem de enfrentar a vida?

E daí se vivendo... não há coragem para se viver a vida que se quer viver... pensando assim... melhor seria morrer...

A atriz está cansada de ter de se maquiar todos os dias... Quer ser bailarina e dançar aos sons dos bandolins e se estes não tocarem? Que seja aos sons da gaita e dos violões...

Mas voltar a representar... Jamais!!

Sai de lá, e a porta escura de vidro se fecha às suas costas, triste, com os olhos "embotados de poeira e lágrima"... e ao sentir o vento em sua cara inchada... se encoraja de tal forma que até mesmo sua saia põe-se a empolgar, deixando que o vento a leve, como ele queira que ela dance...


E a cada passo dado, um olhar passado com a saia
esvoaçante... Faz com que ela a pegue com as mãos, quase que sem jeito...

E quanto a tempestade que vem, quase da cor dos olhos da moça... ela anda mais rápido, pois é preciso voltar a vida real e fugir da chuva!

E quanto a saia? Que ela sossegue, não será possível o banho de chuva!

Quem sabe... uma pipoca na praça... metade doce... metade salgada e ver os meninos brincarem à beira do rio??

Não! Não será possível! A chuva está vindo!!


E quase em frente a igreja começa a chuviscar... a tempestade cada vez mais próxima... é preciso se apressar, pois a chuva vai chegar!

Ah! Que ela venha e me molhe inteira... que afogue todas as suas mágoas e lave sua cara pintada e se sinta como eu... Mas não... é preciso correr!

Quase subindo a rua de seu destino final... ela ainda olha para lá... lugar tão amado... onde o o sol se põe... e chega até ouvir os acordes e lembra da chuva... Um Relâmpago!!! Poderia tê-la acertado...

Até que seria bom! Morreria... acabaria com essa vida insossa e não seria chamada de covarde... e sim... Mátir!!!

Mátir!! Morreu porque amava o vento!!

Sim... a saia...

E quem disse para não olhar para trás... quem sabe ele esteja passando por ali e possa lhe dar um apreço... preencher o dia com aquele sorriso maroto..

E assim... ela sobe a rua, encontra crianças na escola... rompe o portão... diante da entrada daquela humilde casa... aquele quintal onde brincara a vida inteira...



*É, minha gente voltei! Vim contar essa história da saia que queria tomar banho de chuva! O tempo foi gentil ontem a noite! Quanto ao enterro daquilo que nunca foi um dia, este foi esquecido, pelo tempo, há certas coisas que pedem para serem esquecidas, pois há outras em nossa vida pedindo atenção... Ainda estou encantada com aquela invenção... não apaixonada... mas literalmente encantada... até uma carta ele ganhou... que aqui postarei em breve.. Abraços saudosos... até o próximo...

10 comentários:

Késia Maximiano disse...

"Procurar a morte é sim um ato de covardia por não se ter coragem de enfrentar a vida?"

Eu acredito q sim...

NayB. disse...

Ainda estou tentando elaborar todas as informações contidas neste post, e confesso que não consegui criar um comentário plausivel sobre ele... Terei que reler... Depois volto pra comentá-lo dignamente!

Xerus
=***

nd disse...

Minha linda, que bom voltou c/ essa disposição toda, tão contagiante.
Conto muito legal, gostei.
Bjs

PS: Obgda pela visita, é sempre um prazer receber pessoas como vc.

Unknown disse...

Cada um tem uma visão diferente.
O que posso dizer é que gostei do que li.
Abraços

Marco disse...

"Fragmentos de Um Discurso Sobre Todas as Coisas"... assim me pareceu o seu post. Fui indo e vindo com o seu texto... correndo da chuva e comendo pipoca na praça... Beijo.

Candy disse...

Perfeito!
e me identifiquei...
acho que cansei, cansei disso tudo.
Queria sentir a chuva lavar meu rosto, ver se lava a minha alma (se ela voltar ao meu corpo).
Queria mostrar um sorriso sincero, mas nao consigo.
=/

Sobre o que, diretamente, vc falou nesse seu post?
Gostei de verdade!
me responde pq quero meeesmo saber.


boa semana!
;***

NayB. disse...

Às vezes a gente tem que ser saia, e sair ao sabor do vento, dançasr no ritmo que ele desejar... Às vezes a gente tem que fazer o que quer, mesmo que pareça louco às vistas dos outros, mesmo que pareça não ter sentido...

Xeru
=***

nay disse...

A saia resolveu ter vida...

Anônimo disse...

Me desculpe se estou aqui, se invado seu espaço.. Quer saber, não, não desculpe..

Se estou aqui é porque não me contive, pois ainda hoje, depois de anos, você invade meus sonhos...
Aquela guria (vc detesta ser chamada assim, eu sei) ainda está aí, continua a mesma, lógico que mudada, mas a essência permaneceu... Eu ainda viajo em seus belos textos, como sempre o fiz....

Se ontém eu fosse como agora... Mas ontém não voltará, por mais que eu quisesse.....

Heathcliff

nay disse...

eu sei que esperas uma resposta... Ei la:

Seria melhor se fosse meninia... claro... se fores quem diz que és..
mas o ontem não volta mesmo... eis que é a mesma essência... crua... cheia de cicatrizes que a vida proporcionou...
Obrigada pela visita... volte quando quiser...