terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quando cantar tornou-se um lema...


Sem ter o que escrever aqui, pois a felicidade fútil ainda me assola a vida, impede os momentos quiçá solitários e acabo que não paro muito para pensar... prefiro estar embriagada com o que for... alegrias passageiras, piadas sem graças, copos de cerveja... e até o medo de se apaixonar novamente e suas consequências por vezes drásticas...

Mas estava aqui numa dessas madrugadas lendo... como há muito tempo não fazia... e pensar sobre é inevitável... não há como fugir da tristeza... e está mais claro do que nunca, e até já foi comentado, de que toda a minha bagagem literária e mais ainda a musical foi ele que me apresentou... ele simplesmente abriu, por muitas vezes, as portas às delícias de que são os poemas, as bossas e as utopias...

O Faz Escuro mas Eu Canto, não partiu da leitura primeira dos versos de Thiago de Mello, partiu da leitura de "Direito e Utopia" de Herkenhoff, um de "nossos" autores preferidos...

Foi ótimo ler aquele livro, pois o li em um momento difícil na minha vida, não que os outros não tiveram a sua complicação, mas foram naqueles dias em que "esperar a hora da estrela" era mais fácil... a transição de um ano estressante... para um ano cheio de crises financeiras que se findou com a "hora do poeta"...

Digo-lhes... Crescer foi inevitável...

Fez muito escuro, por todo o ano de 2008, mas eu cantava sempre... o estágio que era árduo, o aprender a engolir sapos, mas todo dia eu antes de sair colocava a música do Vinícius... e cantarolava... "é meu amigo só resta uma certeza é preciso acabar com essa tristeza, é preciso reiventar de novo o amor".

Além do fato de que todo dia eu lembrava de que eu não era "A dos sonhos dele", ou que a culpa da minha tristeza e do meu vazio era só dele, pelo menos era no que eu queria acreditar, as vezes é melhor colocar a culpa em alguém... é mais fácil... mas chega um momento em que não sobra ninguém... Então, para compensar tal culpa eu cantava... "já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada, seus segredos sei de cor"... a culpa foi minha mesmo, porque eu já conhecia mesmo, mas é que "eu te amo" do Chico era mais convidativa... "me diz agora como hei de partir".

E da tristeza, eu sorria sempre, mas nunca discerni muito bem se se tratava de um sorriso sincero... Até descobrir que a tristeza não é uma fraqueza, é uma carta na manga... e decidi escrever, escrever e escrever sem censura alguma de mim mesma... e era sempre sobre qualquer coisas que viesse a cabeça...

E voltando ao que estava lendo por aí na madrugada... Li uma reportagem sobre o "poetinha" Vinicius, dizendo que ele não era um "artista feliz", que era um homem que se escondia atrás do eterno galanteio com a vida... Mas é claro! Quem ainda não havia entendido, mas é que tem sempre de haver as complicações, os estudos críticos e profundas análises acadêmicas... acredito serem válidas...

No entanto, ao meu ver, considerando que sou uma pessoa de 22 ano de idade que pouco conhece de Literatura e Música como muitos por aí nesse mundão a fora... comecei a ler Vinicius aos 12 anos, afirmo com certeza de que onde ele estiver, deve estar rindo de tudo isso... é claro que ele tinha aquela tristeza interior marcada... "mas para fazer um samba com beleza, é preciso um bocado de tristeza, se não, não se faz um samba não"... e faço as palavras do poeta as minhas... "Porque o samba é a tristeza que balança, e a tristeza tem sempre uma esperança, de um dia não ser mais triste não..."

Não preciso nem explicar o "condinome beija-flor" de MORENA FLOR... eu adoro esse "poetinha... e adoro, quem sabe, por no íntimo entender que a tristeza para quem escreve ou até mesmo para quem a finge, como Pessoa uma vez disse, ela é necessária para o ato de coragem de colocar no papel algo totalmente único e seu...

Por fim quero agradecer aos leitores por seus comentários, e pelo compartilhamento de sentimentos por meio das palavras aqui... alguns sabem, que para chegar aqui, muitas lágrimas e pedras rolaram... aprendi a ser quem eu negava ser...

Abaixo o perfil que criei para a que vos escreve... no fim eu decidi ser eu... claro que carregando o saber ser mulher de cada uma delas...


Sou nada mais e nada menos que uma humana em metamorfose que acredita que o sol ainda existe, que liberdade é pouco para a gigante alma...

E o que realmente sempre sonhou ainda não deram nome... humana esta que já teve a rosa do amor... que já se embriagou em meios de tantas alegrias...

Já afogou todas as mágoas e tristezas no travesseiro... e como Ceci, já almejou felicidades, ideais sem fronteiras, se dedicou a utopias... Tentou... porém, nada fez.

Muito da vida já quis... mas não quer mais.. Já foi por vezes inteira de um só coração... e sempre se doou inteira.

Já pensou que o mundo iria desabar por falta de um beijo nunca mais dado, e mesmo sendo tão cheia de garras e sonhos, arrancou do coração de seu amado a flecha farpada...

Aprendeu com as primaveras a se deixar cortar para poder voltar sempre inteira.

E assim um pouco de Cecília, caótica e intensa como a jovem Clarice, obcecada como Leonídia, amada como Nini, admirada como Ilsa.. sonhando com Paris... menina perdida como Wendy... curiosa como Alice.. . insegura como Pilar... dona de uma inocência pisada como Macabéa... vingativa como Cathy... e ainda sim... simplesmente uma mulher que ama a utopia do saber amar...



Feliz Aniversário ao Faz Escuro mas Eu Canto... ^^

5 comentários:

Camilla K. Boyle disse...

Me identifiquei com seu texto. Por vezes procuramos sempre um subterfúgio para a realidade desgastante que vivemos e muitas vezes acabamos por encontrá-lo na escrita, num livro que coloca em evidência os nossos sentimentos ou uma música que coloca a nu o que nos palpita no coração. É essa a beleza da arte, não é?

Uma frase que gostei: "Crescer foi inevitável...". Crescer doí, mas é sempre inevitável. ;)

E parabéns ao seu blog xD.

Beijinhos

Anônimo disse...

Amiga, demorei para, enfim, comentar um de seus textos que há tanto tempo já lia, mas não foi mais possível adiar... este, como todos os outros, reflete muito do que se passa com todos, que como vc acreditam que utopias são válidas, sentem intensamente a dor de uma perda e se fartam de hipocrisias travestidas de falsas cordialidades... tenho (e vc sabe disso), uma profunda admiração por sua inteligência, por sua cultura... quiçá eu tivesse o "pouco" conhecimento de literatura e música que vc diz ter... cada uma de suas palavras, até mesmo as oriundas de lágrimas me inspiram a me tornar uma pessoa melhor, por isso, fica aqui meu agradecimento e a promessa de que enquanto houver este espaço terá em mim uma leitora assídua...

Candy disse...

Ta lindo, Morena!
da pra perceber seus sentimentos mais verdadeiros em cada palavra.
Sensibilidade deveria ser seu sobrenome.
^^

*desculpe o comentario tão sem inspiração (por mais que seja de coração)...

:*

nay disse...

Camilla... É e como é a beleza da arte... as vezes ela me consome...

Anne, você sabe que você sempre será bem vinda... e quero te encorajar a escrever mais, porque dom você tem de sobra...

Valeu Candy! adoro seus comentários sempre... não importa a simplicidade das palavras...

Clara disse...

Feliz ...
Felicidade

Como diz o Grande qdo entramos nesse canto.."è melhor ser alegra q ser triste, alegria é amelhor coisa q existe..."

Sucesso..
Adoro esse canto..